Capítulo 1: Brasil antes de Cabral
Muito antes de Pedro Álvares Cabral aportar em terras brasileiras, este imenso território já era habitado por milhões de pessoas organizadas em diferentes culturas, línguas e formas de vida. Estima-se que existissem entre 3 e 5 milhões de indivíduos vivendo em milhares de aldeias espalhadas pelos quatro cantos do que viria a se tornar o Brasil (Ribeiro, 1995).
Esses povos não eram homogêneos. Falavam centenas de línguas diferentes, pertenciam a troncos linguísticos diversos como o Tupi, o Macro-Jê, o Pano, entre outros, e tinham formas variadas de se relacionar com a natureza, com o sagrado e com a organização social (Hemming, 1978; IBGE, 2020). Havia grupos nômades, agricultores, caçadores, pescadores, e também sociedades mais complexas com estruturas políticas bem definidas.
A presença desses povos originários é parte essencial da formação do povo brasileiro. Eles contribuíram com nossa língua (milhares de palavras do português falado no Brasil têm origem indígena), com nossa culinária, com o modo como habitamos o território e até com a visão de mundo que moldou a identidade nacional (Viveiros de Castro, 2002). Não se trata de idealizá-los ou negá-los como parte de um passado distante, mas de reconhecê-los como cofundadores da nossa civilização.
Resgatar a memória desses povos é honrar a pluralidade brasileira desde o início. Não havia um Brasil antes de Cabral, mas muitos “Brasis” em potencial. A chegada dos portugueses não deu início à nossa história, mas marcou o encontro de duas civilizações que, a partir dali, passariam a coexistir, conflitar e influenciar-se mutuamente. É dessa interação complexa que nasceu o que hoje chamamos de Brasil.
Objetivo final
Formar cidadãos conscientes, que conheçam e respeitem sua história, valorizem o que é nosso e saibam que a construção de um futuro sólido depende de raízes fortes e compartilhadas.
Bibliografia
- Ribeiro, Darcy. O Povo Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
- Hemming, John. Os Índios e o Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1978.
- IBGE. Atlas Nacional do Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2020.
- FUNAI. Fundação Nacional dos Povos Indígenas. Dados e relatórios institucionais.
- Instituto Socioambiental (ISA). Povos Indígenas no Brasil. www.socioambiental.org
- Viveiros de Castro, Eduardo. A Inconstância da Alma Selvagem. São Paulo: Cosac Naify, 2002.